Apesar das mudanças na legislação eleitoral, a pobreza de ideias e conteúdos na propaganda política continua dificultando a vida das pessoas que se sentem obrigadas a tomar decisões com mais profundidade para escolher um candidato. Quase todos eles prometem mais escolas, hospitais e creches, como se a tarefa fosse tão fácil quanto organizar um churrasco no final de semana. Sabemos que em todas as cidades o dinheiro é curto e as restrições são muitas, pois geralmente os municípios têm o grosso de suas receitas comprometidas com pagamento de dívidas e funcionalismo. Sobra pouco espaço para piruetas.

A internet pode dar boas pistas para separar os falastrões daqueles que realmente têm projetos e são capazes de mostram como vão colocá-los em prática. E por quê a internet? Porque a internet oferece espaço irrestrito para que os candidatos se apresentem, expliquem seus planos, ouçam críticas e sugestões e respondam a questionamentos. Não tem desculpa para falta de tempo ou espaço. Podemos ir até um pouco além: no universo digital, transparência é uma obrigação. Com base nessas premissas, seguem sete passos simples para ajudar a escolher um candidato pela internet:

1. O que uma busca no Google revela

Este exercício é bem simples. Digite o nome do candidato no Google: o que aparece? Muitos políticos preferem esquecer o passado, mas o Google tem uma memória de elefante, capaz de gerar relatórios detalhados de uma vida inteira. Mas cuidado para não fazer um mau julgamento porque a internet aceita tudo e muitas vezes os fatos disputam espaço com calúnia e difamação.

2. Responde emails e mensagens no Facebook

Uma das principais diferenças entre uma nova campanha e a velha propaganda política dos muros pintados, faixas de pano e santinhos é a chance das pessoas fazerem perguntas aos seus candidatos e trocarem impressões entre si. Convenhamos, candidato que não se importa com as mensagens e perguntas que recebe de seus eleitores não vai muito além de distribuir santinhos digitais, ou seja, só quer falar, mas não está disposto a ouvir.

3. Explica, objetivamente, quais são os seus planos

Antes até dava para engolir a explicação da falta de espaço e de tempo. Hoje nenhum candidato tem essa desculpa porque a internet oferece todo o espaço do mundo para que cada um explique detalhadamente suas propostas, com mapas, vídeos, gráficos e textos… Parece pouco, mas é a mesma diferença entre contratar um arquiteto no gogó e outro que apresenta a planta, os custos com materiais, prazos, etc, etc.

4. Explica como suas promessas serão cumpridas

Todo candidato sabe prometer mais hospitais, escolas, creches, transporte, lazer e segurança… E pode reparar, promessa é igual roupa de grife, assim que aparece uma novidade o mercado copia e oferece mais barato nos ambulantes. Não é a promessa que os faz ser melhores ou piores; prometer, todo mundo promete. O que faz a diferença é mostrar de forma consistente como elas cumpridas.

5. Conta sua história

Candidatos normalmente são apresentados com os mesmos atributos: são honestos, enfrentaram dificuldades e batalharam para subir na vida, têm compromisso com os mais pobres, têm uma história de dedicação. Tem o depoimento da professora emocionada, dos amigos… Mas, objetivamente falando, o que eles têm a mostrar sobre si? Seus feitos? Sua maior realização? Eles são humanos, têm contradições? Já falharam alguma vez na vida?

6. É digital porque acredita

No começo deste ano de 2016, ainda estavam online sites de políticos que disputaram as eleições de 2010! Em parte é só relaxo, mas também tem gente que usa a rede só para pedir votos e depois: bye, bye! Presença adequada na internet não garante a ninguém a medalha de excelência política, mas é, no mínimo, um bom sinal da importância que o candidato atribui para a opinião do eleitorado.

7. Tem conteúdo acessível

Campanhas que despejam horas e horas de vídeos não editados no YouTube, páginas inteiras de discursos e terabites de fotografias não respeitam o eleitor. Assim como o ilustre senhor candidato, as pessoas não têm tempo. O eleitor merece conteúdos editados, claros e atraentes. É obrigação do político se fazer entender. Na web, montanhas de informações sufocam e nos deixam no escuro.

Alexandre Seccoé jornalista e sócio da Medialogue Digital. É especialista em comunicação digital. Coordena o comitê de marketing político digital da Abradi (Associação Brasileira dos Agentes Digitais). Passou por Exame, Veja e Folha de S.Paulo (secco@medialogue.com.br).

 

Fonte: http://www.medialogue.com.br