Este pequeno manual da Medialogue Digital mostra os caminhos e sugere 15 medidas, das mais básicas às mais extremas, para lidar com ataques na internet. Quando atuamos em projetos de gestão de reputação digital uma das dúvidas mais frequentes que identificamos é sobre a possibilidade de remover conteúdos negativos da internet. É importante saber o que é possível fazer e quais são as limitações desse tipo de ação.
Por Gabriel Attuy
Sempre me perguntam se é possível remover conteúdos negativos do Google. A resposta é sim. Existem várias maneiras de fazer isso, tanto pela via administrativa, requerendo diretamente às redes sociais, como, em último caso, pela via judicial. Também é possível “ocultar” conteúdos negativos produzindo referências positivas para ocupar seu lugar. Diferente do que muita gente costuma dizer, a internet está longe de ser uma terra sem lei. O Brasil tem regras relativamente avançadas para lidar com o assunto e as redes sociais também costumam ser rigorosas quando recebem denúncias de abusos. A grande questão, porém, é definir que tipos de conteúdos podem ser removidos e como fazer isso. Esse pequeno manual da Medialogue Digital mostra os caminhos e sugere 15 medidas das mais básicas às mais extremas para lidar com ataques na internet.
O manual também está disponível em versão PDF para ler mais tarde e compartilhar. Para acessar clique aqui: bit.ly/removerconteudosdainternet.
O que pode e o que não pode
Como regra geral, não dá para remover da internet nada que seja permitido publicar nos jornais. O conceito de liberdade de expressão também está plenamente em vigor no mundo digital. Foi atacado? Acusado injustamente? O caminho mais adequando é pedir uma retratação. Geralmente, as redes sociais como Facebook e Twitter não se mexem diante de relações dessa natureza. Quando o desrespeito é claro, a Justiça tem mecanismos para fazer valer a lei.
“Hoje as pessoas têm cada vez mais dificuldades para serem vistas como desejam ser”
-Daniel J. Solove, da George Washington University Law School
Dá para se esconder do Google?
Algumas empresas prometem “esconder” conteúdos do Google. Pense bem: o Google reúne as mentes mais brilhantes da indústria de tecnologia e está envolvido até no desenvolvimento de foguetes para Marte. Alguém acredita que é possível enganar o Google? O que é possível fazer é jogar de acordo com as suas regras. Grosso modo, quando se faz uma busca, o Google mostra primeiro o que é mais interessante. Quem consegue produzir conteúdos interessantes aparece. Simples assim. O grande desafio, como já deve ter percebido, é produzir tais conteúdos.
Um exemplo se quiser se aprofundar um pouco: simplificando muito a história, quando você usa o Google para procurar pelo nome de um artista, a ferramenta devolve uma série de links para páginas onde esse conteúdo pode ser acessado. Os primeiros links são aqueles que o Google considera mais importantes, geralmente são aqueles publicados por veículos de mídia, ou aqueles que são acessados e compartilhados por muitas pessoas. Alguns artistas ficam chateados quando esses links levam a críticas. “Removê-los” não é fácil. É preciso colocar outros conteúdos no lugar. Para isso, o Google precisa entender que esses conteúdos sejam muito importantes, para dar a eles o destaque que merecem.
PS.: Tecnicamente falando, não é correto dizer que um conteúdo será removido “do Google”. O Google apenas encontra e ranqueia os conteúdos armazenados em sites, portais, blogs.
A burocracia das redes sociais
O Google, o Facebook, o Twitter e todas as demais redes sociais têm suas próprias regras para definir o que pode e o que não pode ser publicado. O Facebook, por exemplo, é extremamente sensível em relação a temas de apelo sexual. Tão sensível que seus algoritmos bloqueiam postagens que apresentam imagens de mulheres amamentando. Quando é possível demonstrar que as regras de uso dessas comunidades estão sendo desrespeitadas, elas costumam agir rápido. Mas não é sempre. O Google tem uma burocracia infernal, típica dos tempos do papel, que parece ter sido criada na medida para desestimular reclamações.
Manda quem pode, obedece quem… quer!
A Justiça brasileira está relativamente bem equipada para lidar com questões relativas a direitos na internet. Mas há dois problemas: o primeiro é que nem todos os juízes e advogados estão familiarizados com o assunto e com as regras a ser aplicadas. Por causa disso, os processos costumam seguir em “círculos” e o despacho vem tarde, quando os estragos já foram feitos. Em segundo lugar, o Google e as redes sociais têm o hábito de ignorar solenemente as decisões da justiça. Foi assim quando um juiz mandou abrir o sigilo do WhatsApp, vem sendo assim em uma série de outros episódios menos famosos.
“A má notícia é que a internet tornou quase impossível esconder o passado. A boa notícia é que pode ser usada para criar seu futuro”
-Alexandre Secco, sócio da Medialogue Digital
Como cuidar da sua reputação digital
A maior parte das pessoas e empresas podem zelar pela sua própria reputação digital tomando medidas relativamente simples. Para nomes com muita exposição e grandes “estoques” de informação na internet, a tarefa é mais cara e difícil, pois, em muitos casos, envolve a remoção de conteúdos para que não sejam “descobertos” pelo Google. Conheça a seguir cinco medidas básicas, cinco medidas avançadas, e cinco ações extremas para cuidar da sua reputação digital. A consultoria jurídica é do advogado Alexandre Atheniense, especializado em Direito Digital.
Gabriel Attuy é jornalista e diretor da Medialogue Digital, consultoria de comunicação especializada em estratégias digitais.